sábado, 1 de outubro de 2011

Errar é humano

Meu gestor me escolheu dentre 8 estudantes de engenharia para assumir o estágio que faço hoje com a expectativa de que eu seria um cara técnico e aprenderia fácil o serviço; e ele não estava errado, o que ele não imaginava é que eu tivesse uma necessidade contínua de fazer tudo completamente certo, uma necessidade tão grande que cria um medo absurdo de errar. E esse medo, de fato, me faz errar. Quando estou montando um orçamento, por exemplo, o faço passo-a-passo com toda a cautela do mundo, e quando estou acabando, começa a vir a sensação de que finalmente vou conseguir fazer perfeito; é exatamente nesse momento que eu erro, é aí que meu ego infla e que algum detalhe acaba passando. E, de maneira paradoxal, estas minhas falhas devidas ao excesso de confiança acabam me tirando o foco, me irritando e me criando a sensação de que não sou capaz de realizar o serviço, ou seja, meu superego acaba me deixando desconfiado de mim mesmo.
Não tem nada a ver com saber ou não ou serviço, com estar ou não atento, tem a ver com um sentimento prepotente e asqueroso de não aceitar que pode errar, um sentimento que amigos meus já tinham percebido em mim, mas que eu nunca tinha parado pra notar. Eu sempre me perguntei o porquê de eu nunca gostar de escrever a caneta e o porquê de eu sempre cometer sempre esses erros ridículos, mesmo sabendo como fazer certo, mas nunca soube a resposta, até começar a trabalhar. Eu nunca gostei de caneta porque a caneta me dá a ideia de algo definitivo, de algo que você faz na vida que não tem volta, de uma impossibilidade de consertar e, sabendo o tanto que eu errava, não podia jamais me sentir à vontade com isso; no fundo eu sempre tive medo de escrever a caneta, errar e não ter como consertar. Porque eu tinha que fazer certo, eu sempre tive que fazer certo, mesmo sem um porquê específico. Porque eu sempre tive dificuldade de aceitar a minha condição de humano e susceptível a erros, achando que todos na vida profissional faziam tudo sem cometer erros.
Você pode estar me achando patético por isso, mas experimente um dia fazer algo que você sempre fez no piloto automático com 200% de atenção e com extrema vontade de fazer perfeito; inevitavelmente você vai acabar deixando passar algo. O segredo pra fazer certo é ser tranquilo, com atenção, é claro, mas sem a neurose de ser 'o perfeitinho'; isso além de fazer os outros te acharem arrogante, faz você ser menos do que pode ser, por mais paradoxal que possa parecer. Se quer se doar 125% em alguma coisa, o faça sem medo, mas com humildade, porque com medo e prepotência nem 80% vai sair. Não é vergonha nenhuma errar, vergonha é se limitar por causa do medo.

Um comentário:

  1. Cara, gostei, é boa cara, vc começar a ver desse jeito. Nunca fui encanado com isso, mas até isso é normal do ser humano sausasauas por que cada um emerge seus questionamentos de um lado. Gostei porque senti atitude de aceitamento em uma coisa que vc considera um problema, e a mudança clara de que agora vc aceita seus erros. Curti o texto introspectivo xD

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